André da Ponte
REFERE O AUTOR O SEU AMOR POR UMA MULHER QUE, ESTANDO LONGE, NÃO PODE ESCUITAR AS SUAS QUEIXAS.
Ninguém escuite meu triste canto
Senão aquele que senta como eu sento,
Que não quero curar o meu tormento,
Nem dar a alheios gáudios com meu pranto.
Nem solicito ensino, nem levanto
Exemplo pretenso, nem escarmento
Que para outros valha, pois só atento
Eu vou da tristeza até o quebranto.
Porque sei bem que amor não guarda lei,
Violento e senhor da tirania
Que bate com aquilo que maltrata,
Que a sua cilada é fim, e sei
Que é um demente quem nele fia,
Que mora dentro em mim e não recata.
Segunda-feira, 23 de julho de 2018.
Páxina 7